5 de agosto de 2007

CONTRA A DESCRIMINAÇÃO





Rui Filipe MoreiraJosé Lima, por volta das 08h00, no centro de Viana do Castelo, antes do início da primeira etapaÀs 07h45, debaixo de uma chuva miudinha, não há vivalma na Praça da República, em Viana do Castelo. Mas José Lima, com uma capa de chuva e sentado na sua cadeira de rodas especial, está determinado a cumprir os quase 800 quilómetros que ligam a capital do Alto Minho à capital algarvia, até ao próximo dia 21, chamando a atenção do País para a discriminação de que são alvo os deficientes.



O tempo nublado, com previsões de alguma chuva, não assusta José Lima, que até prefere este tempo ao habitual calor de Agosto.


De resto, este homem de 52 anos, paraplégico desde 1997, por causa de um acidente de trabalho, está cansado dos ‘nãos’ que tem ouvido sempre que se atreve a pedir emprego e resolveu dar nota disso mesmo aos compatriotas.“Enquanto o contacto é meramente telefónico, as coisas parecem bem encaminhadas. Mas quando apareço na empresa, de cadeira de rodas, as coisas mudam radicalmente de figura. Às vezes, parece que estão a olhar para um fantasma”, diz José Lima, garantindo que “a igualdade de oportunidades em Portugal é uma grande treta”.




A louca viagem de José Lima, entre Viana do Castelo e Faro, tem fim previsto para 21 de Agosto, visto que o paraplégico tenciona percorrer 35 a 40 quilómetros por dia, num total de 20 etapas.Na organização da viagem, José Lima contactou mais de duas dezenas de câmaras municipais – as das localidades onde prevê parar para descansar –, solicitando apoio para as pernoitas.


Apesar de ter explicado bem a ideia, conta-se pelos dedos de uma mão as que lhe responderam a dizer que lhe davam apoio.Mas a fraca adesão das autarquias não fez esmorecer o seu ânimo. “Levo comigo um saco-cama e dormirei na rua, em frente às câmaras que não me deram apoio”, garante o deficiente.

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