Tem coisa na vida que sempre nos surpreende, umas pela positiva, e outras pela negativa, e esta não foge à regra.
Tenho um amigo que sempre me estava a convidar para sair com ele numa viagem de reconhecimento, e eu sempre a tentar dissuadi-lo para que isso não acontecesse.
Até aqui tudo normal, um amigo a convidar outro para uma saída a locais antigos, onde já caminhei por muitas das vezes, e que não o faço desde que tive um acidente que me deixa paraplégico, embora tenha saído muitas vezes, claro com outros amigos e familiares, mas este caso é outro.
Tudo isto só que meu amigo que me convida para fazer esta aventura também é deficiente, ou seja, tetraplégico. Eu paraplégico e ele tetra, ontem fizemos uma aventura por locais que antes nos eram familiares, da parte dele como empresário da construção civil, e eu como vendedor de máquinas e outros para os mesmos.
Então foi assim, ele me veio buscar ao trabalho, no qual eu já lhe vendi equipamento, e nos fizemos à estrada a caminho de Alto da Serra, comer uma bifana como fazia antes, quando por aquelas bandas parava, de seguida comprimentei amigos que não os via à muito, como o neto da Ti Cristina, o Rui.
Dali seguimos para o Arrimal, lugar onde vendi uma série de máquinas para as pedreiras de pedra moca, cumprimentei o Coelho do café, que continua casmurro com sempre, segui para cumprimentar o Manuel da Eira, amigo e cliente de muitos anos.
Seguimos de regresso e viemos bater em portas de outros lugares com a finalidade de ele também se lembrar por onde andou e fez muitas horas, porque além de ser empreiteiro, foi em tempos Taxista, e por consequência, tem muitos lugares e amigos também.
E assim foi, uma tarde bem passada, dois coxos, quero dizer, dois deficientes num carro, que penso ser uma aventura, dado ás condições dos mesmos.
Não tivemos medo de ter um furo, uma pane ou outro problema, confiantes no que íamos fazer, mas eu sempre com um pé atrás, porque isto de ser deficiente neste país, tem os seus porquês.
Obrigado António Torres por me teres feito esta surpresa, e também um muito obrigado ao
Paixão, que tirou umas fotos irão ficar para a história de dois coxos a comer uma bifana na Ti Cristina no Alto da Serra.
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